Homenageados, bicampeões esperam pela aposentadoria
Carol Knoploch
SÃO PAULO. A comemoração não foi completa. Jogadores do Brasil que conquistaram o bicampeonato mundial, em 1962, foram homenageados ontem, na abertura de uma exposição sobre os 50 anos da conquista. Mas a premiação e a aposentadoria para os heróis no Chile, prometidas pelo governo, ainda não saíram do papel. E o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, admitiu: os valores só poderão ser pagos a partir de 2013.
- Está em fase de regulamentação. E tem a questão do ano fiscal, do orçamento - disse o ministro no evento de ontem, no Memorial da América Latina.
A aposentadoria aos atletas das Copas de 1958, 1962 e 1970, promessa do ex-presidente Lula em 2006, foi aprovada seis anos depois, pela presidente Dilma Rousseff, ao sancionar a Lei Geral da Copa. Cada jogador receberá R$ 100 mil de premiação do Ministério do Esporte. A a aposentadoria (de até R$ 3.916) será paga pela Previdência Social.
- Até agora não vi nada. Já abri o livro e a caixa da placa comemorativa (lembranças do evento de ontem) e não vi cheque nenhum - falou o ex-atacante Coutinho, de 69 anos, que dá aulas de futebol em Cubatão, São Paulo e Extrema (MG).
- O Lula disse que poderíamos ir gastando. Mas não gastei por conta - disse o ex-lateral Djalma Santos, de 83 anos.
- Há muitos jogadores em situação difícil. O Moacir (campeão em 58) mora no Equador e me liga toda semana para saber. E ele precisa muito, tem problemas na próstata - contou Pepe, de 77 anos que, machucado, assistiu à Copa de 62 das tribunas.
Zagallo mostrou sinceridade e memória calibradas. Ao lado de imagens do jogo com o México (o Brasil venceu por 2 a 0), contou que abriu o placar aos 12 minutos do segundo tempo:
- Podia dizer que foi aos 13, mas como não minto... E a coisa estava preta. Depois ficou tudo colorido - falou Zagallo. - Mas, acho que a seleção de 58 foi melhor, estava no auge.
Os campeões de 62 puderam ver a exposição "Cinquentenário da Copa do Mundo de 1962", aberta hoje ao público. O evento contou com autoridades e jogadores tchecos, como Josef Masopust, autor do gol de seu time na final, vencida pelo Brasil por 3 a 1. A exposição tem até o vídeo completo do jogo, cedido pela embaixada da República Tcheca.
- Faz 50 anos, mas passou tão rápido... Não reconheceria os tchecos, mas lembro
um nome: Masopust, o craque da época. Ao contrário dos mais moreninhos como eu, os branquinhos tem as feições bem mudadas - brincou Jair, que lembrou Garrincha: - Estava demais naquela Copa e não me deixou jogar (risos). Ainda assim foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.
Fonte: O Globo – 26/06/2012