Para analistas, medida impopular é a mais viável

Idade mínima controlaria déficit

Silvia Amorim

SÃO PAULO . Das medidas em discussão para acabar com o fator previdenciário no INSS, a adoção de idade mínima para a aposentadoria, embora impopular, é a mais viável para manter sob controle o déficit da Previdência. Esta é a opinião de especialistas em contas públicas ouvidos ontem pelo GLOBO.

Para o professor de finanças da Faculdade de Economia e Administração da USP José Roberto Ferreira Savoia, a idade mínima acabaria com as aposentadorias precoces:

- O limite etário é fundamental para que tenhamos uma Previdência sustentável a longo prazo. Hoje, um dos problemas é que as aposentadorias ocorrem precocemente. Estamos falando de homens se aposentando antes dos 55 anos e mulheres, aos 53 anos. Podemos ter pagamentos de benefícios por 26 anos para mulher e 22 anos para homens. Esse é um fator que gera desequilíbrio.

O analista de finanças Felipe Salto, da Tendências Consultoria, acha um retrocesso a proposta das centrais de adotar só a fórmula 85/95 para todos os trabalhadores, em substituição ao fator:

- Com o fim do fator previdenciário, não se teria como fugir da idade mínima.

Salto explica que, desde a adoção do fator previdenciário, o déficit nas contas da Previdência está estacionado em torno de 1% a 1,5% do PIB ao ano, cerca de R$ 45 bilhões.

O especialista em Previdência Fabio Giambiagi considera absurda a proposta de estabelecer idade mínima somente para os novos trabalhadores:

- A ideia de que a idade mínima tem de valer só para os futuros trabalhadores parte do suposto absurdo de que um garoto de 20 anos que começou a trabalhar mês passado deve merecer o mesmo tratamento que um senhor que trabalha há 34 anos e 11 meses. O segredo do êxito de qualquer proposta de reforma tem de ser tratar desigualmente os desiguais.

Giambiagi também é contra a proposta das centrais. Segundo ele, ela crescerá em 25% despesas com futuros aposentados. Para Savoia, os parâmetros 85/95 já não aliviam a Previdência:

- A ideia é aplicável, mas os parâmetros não estão calibrados para a realidade do Brasil. Os parâmetros 85/95 seriam para 15 anos atrás. Hoje, não levariam ao equilíbrio. Teriam de ser mais elevados, 90/100 ou alguma coisa assim.

Fonte: O Globo – 29/06/2012