Agonizando, Portugal aumenta o arrocho
No momento em que Portugal tem dificuldades para honrar o compromisso de redução do deficit público e recebe assistência financeira, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou, ontem, novas medidas de austeridade para o ano que vem. A principal delas é o aumento dos encargos para a PREVIDÊNCIA Social por parte dos trabalhadores dos setores público e privado. Por outro lado, ele prometeu reduzir as contribuições patronais a fim de favorecer a criação de vagas. O desemprego no país já atinge 15% da população ativa.
"O governo decidiu aumentar as contribuições para a PREVIDÊNCIA Social do setor privado para 18%, o que permitirá, em contrapartida, reduzir os gastos patronais igualmente para 18%", disse o primeiro-ministro. As colaborações atuais dos funcionários do setor privado são de 11%, enquanto as das empresas chegam a 23,75%. Passos Coelho também prometeu reduzir os custos trabalhistas, já que a situação financeira das empresas do país é considerada muito frágil.
A União Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), por sua vez, continuam avaliando as reformas e as medidas de austeridade implementadas pelo governo de centro-direita em troca de um pacote de socorro de US$ 78 bilhões, concedido em maio de 2011.
Contração
A rigidez já implementada contribuiu para uma forte contração da economia, de 3,3% no segundo trimestre, enquanto o governo esperava um decréscimo de 3% para todo o ano. A desocupação aumentou e o governo prevê para o próximo ano uma taxa recorde de 16%. "O desemprego atingiu um nível intolerável", admitiu o primeiro-ministro.
A recessão também causou uma redução acentuada das receitas fiscais, e a meta do governo de reduzir seu deficit para 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) até o fim do ano parece difícil de ser alcançada, na avaliação dos economistas. Representantes da oposição e vários observadores têm recomendado ao primeiro-ministro que obtenha dos credores uma ajuda adicional, mas Passos Coelho rejeita a ideia.
» Inglaterra tenta recuperar as forças
A economia britânica cresceu nos três meses até agosto, um sinal de que está saindo da recessão, apesar de uma recuperação adequada ainda parecer ilusória, informou ontem o Instituto Nacional de Pesquisa Econômica (Niesr, na sigla em inglês). O Produto Interno Bruto (PIB) do país aumentou, provavelmente, 0,2%, resultado ligeiramente abaixo do 0,3% no trimestre terminado em julho. "Enquanto nós esperamos que a economia continue a se expandir, serão necessárias taxas de crescimento mais robustas do que temos visto recentemente para fechar a grande lacuna negativa de produção do Reino Unido", disse o instituto. A Inglaterra ainda não se recuperou totalmente da queda entre 2008 e 2009, e a economia voltou a entrar em recessão no fim do ano passado, em uma contração de três trimestres seguidos.
Fonte: Correio Braziliense - 08/09/2012