Maior de 60 ganha mais peso na economia
PEDRO SOARES
DO RIO
Num cenário de envelhecimento acelerado da população do país, os idosos foram responsáveis por quase um quinto da renda (19,4%) das famílias brasileiras em 2011, uma proporção maior do que a que ocupam na distribuição da população (veja quadro).
Saíram de suas carteiras uma injeção mensal de R$ 28,5 bilhões na economia brasileira. Os dados são de estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, órgão ligado à Presidência da República), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE.
Nos lares onde viviam, as pessoas com 60 anos ou mais respondiam por uma parcela ainda maior do rendimento total: 64,5%. E a principal fonte era a seguridade social, segundo o Ipea.
Graças à correção do salário mínimo acima da inflação nos últimos anos, as aposentadorias e pensões correspondiam a 69,5% do rendimento dos idosos -15 milhões eram beneficiários, de um total de 23 milhões de pessoas com ao menos 60 anos no país.
Para Ana Amélia Camarano, demógrafa do Ipea, esses números mostram que o Brasil "conseguiu enfrentar o problema da falta de uma renda garantida e da pobreza na velhice" -diferentemente de outros países.
Professor de economia da UFRJ, João Sabóia diz que a PREVIDÊNCIA no Brasil assegurou um rendimento a famílias mais pobres com as aposentadoria rural universal e o benefício de um salário mínimo a todos os idosos de baixa renda acima de 65 anos.
"Ter um idoso na família, que antes era um peso, passou a ser fonte de renda."
Entre os homens (mais voltados ao mercado de trabalho sobretudo nas gerações anteriores), apenas 3,7% não tinham rendimento próprio. Para as mulheres, o percentual era de 13,4% -mais alto em razão da menor ocupação feminina, problema atenuado pelo pagamento de pensões às viúvas, diz o Ipea.
Atualmente já com uma taxa de fecundidade similar à França e ao Reino Unido, o Brasil viverá uma estagnação da população a partir de 2030. Dez anos mais tarde, diz o estudo, só crescerá a faixa acima de 60 anos.
Um problema da estrutura etária envelhecida é o recuo da força de trabalho, diminuindo a capacidade produtiva. Mas não é o único: "A grande questão é como prover saúde e condições de autonomia [com custos para o Estado] a uma população mais velha", disse Camarano.
Ela, porém, crê em aumento dos idosos em atividade -35,1% dos homens e 12,4% das mulheres nessa faixa trabalhavam em 2011.
Fonte: Folha de S.Paulo - 12/10/2012