Fundos de PENSÃO buscam opções para aplicar R$ 60bi
Este é o total de títulos públicos a vencer até 2013. Títulos privados não serão suficientes, diz Abrapp
Vanessa Correia
Os fundos de PENSÃO brasileiros estão às voltas com um grande desafio: reaplicar R$ 60 bilhões hoje alocados em títulos públicos que vencerão nos próximos dois anos. A projeção é da Associação Brasileiras da Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). O montante diz respeito apenas aplicações feitas diretamente pelas fundações, e representa 10% do patrimônio líquido das carteiras, que devem terminar este ano com R$ 640 bilhões. “Ainda não sabemos qual será o destino prioritário desses recursos. A única coisa que sabemos é que o mercado que melhor se organizar receberá essa quantia”, afirma José de Souza Mendonça, presidente da associação. Hoje, as fundações têm aproximadamente R$ 240 bilhões alocados em títulos públicos (R$ 93,8 bilhões, diretamente, e o resto nas carteiras de fundos DI e renda fixa onde aplicam os recursos), de diferentes vencimentos. Os candidatos naturais para substituí-los são títulos privados, ações e investimentos estruturados. “Esta-mos passando por uma fase de mudanças. Temos que nos defender de aventureiros que irão aparecer, oferecendo produtos milagrosos.” Ainda assim, a principal disputa é por títulos privados. A oferta não atende à demanda, acredita Fernando Pimentel, presidente do conselho deliberativo da Abrapp e diretor-presidente da Fundação Atlântico de Seguridade Social. Outra opção citada por Pimentel são ações de empresas de pequeno e médio porte, alvos do Bovespa Mais—segmento de acesso desse público à bolsa brasileira. “É uma opção diante do novo cenário de queda da taxa de juros no Brasil. Mas a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a BM& Bovespa precisam nos ajudar a estruturar esse mercado.”
A participação dos fundos de PENSÃO em grandes projetos de infraestrutura também foi lembrada pelo presidente da Abrapp, embora o executivo veja com cautela esse movimento. “Espero que cada fundação faça uma análise bastante criteriosa de retorno que o investimento lhe trará de forma a não perder seu foco, que é o pagamento de benefícios”, pondera. Em fevereiro, a Previ, fundo de PENSÃO dos funcionários do Banco do Brasil, Petros (da Pe-trobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal), por meio da Invepar, venceram a concessão do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. “Os fundos não podem se deixar influenciar por injunções políticas, bem como ser forçados a fazer algo”, diz. Ao final do primeiro semestre deste ano, os investimentos em renda variável totalizavam R$ 372,05 bilhões, enquanto os em renda variável somavam R$ 169,06 bilhões. Já as aplicações em ativos estruturados eram de R$ 15,43 bilhões em junho deste ano, o volume era de R$ 14,42 bilhões. A Abrapp estima que o mercado de fundos de PENSÃO encerre o ano com R$ 640 bilhões em patrimônio líquido, volume 11,55% maior do que o registrado em igual período do ano passado. Já a projeção de ganho da carteira de investimentos é de 11,86%, considerando que a bolsa brasileira encerre 2012 próxima aos 60 mil pontos, a renda fixa entregue 12,01% e outros investimentos rendam 18,19%. O resultado é praticamente igual à meta atual dos fundos de PENSÃO, que é de INPC6%. Caso o Ibovespa avance aos 70 mil pontos, a rentabilidade da carteira de investimentos será de 17,36%. “Acho que esse cenário é mais difícil de se confirmar do que o Ibovespa aos 60 mil pontos”, disse o presidente da associação, durante o 33º Congresso Brasileiros dos Fundos de PENSÃO.
Fonte: Brasil Econômico - 25/10/2012