Planejar o futuro é essencial desde o primeiro salário
Por Wanise Ferreira | Para o Valor, de São Paulo
O melhor momento para iniciar um planejamento financeiro é quando o profissional ingressa no mercado de trabalho. Para Gisele Andrade, diretora do IBCPF (Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros), primeiro é preciso definir quais são as prioridades para a vida. Casa própria, MBA, montar o próprio negócio no futuro? A partir daí devem ser feitas as opções de investimento para se alcançar o que se deseja.
Antes de seguir esse caminho, a executiva recomenda que se invista mensalmente em uma reserva de segurança para prover recursos necessários para que o profissional possa se manter até um ano sem trabalhar se tiver algum problema no futuro. "É um investimento que precisa ser conservador por se tratar da preservação de capital".
Em seguida, é preciso ter clareza de quais são os objetivos que se pretende alcançar e em quanto tempo. Se o cenário traçado é aprofundar os estudos, é preciso obter os orçamentos de cursos de pós graduação ou MBAs nas áreas desejadas. A partir daí é possível fazer simulações com o orçamento disponível. Se começar imediatamente um MBA vai comprometer quanto de sua renda? É factível? Se não for o caso, quanto tempo será necessário para levantar os recursos? "É preciso responder essas questões para que se possa ter um planejamento adequado", diz Gisele.
Muitos jovens consideram a compra da casa própria como uma segurança para o futuro. "É preciso ser honesto em relação a isso, ela vai mesmo proporcionar essa segurança ou vai levá-lo a financiamento com taxas de juros que podem comprometer outros projetos para a realização de sonhos?", questiona. Se a resposta for sim, ela considera que o cenário ideal é poupar recursos para a compra do imóvel à vista. Se não for possível, é aconselhável dar a maior entrada possível.
Gisele considera também o cenário daquele profissional que deseja ter um negócio próprio no futuro. Para isso, a preparação também deve começar muito cedo e as informações sobre o mercado em que se pretende atuar precisam ser detalhadas e atualizadas.
Nesse planejamento é preciso levar em conta quanto será necessário para o investimento de capital de giro, quanto será necessário suportar o negócio até atingir o amadurecimento e qual será o ponto máximo do investimento. Para chegar até a realização desse investimento, o profissional poderá fazer um mix de investimentos durante os anos que irá se preparar para isso.
Em meio a esse cenário, podem chegar os filhos. Um bom planejamento financeiro ensina que, no mínimo, é preciso economizar para educação e saúde. "Essa reserva deve começar desde a hora que a pessoa sabe que vai ser pai ou mãe", afirma. E o planejamento ideal dever considerar os gastos que se terá até que os filhos tenham 22 ou 23 anos. Mais uma vez os investimentos mais conservadores são aconselhados.
Com relação a riscos, se o profissional é bem remunerado e tem recursos que vão além dos seus gastos, não há problemas em se arriscar em algumas áreas para aumentar sua capitalização, mas em aplicações muito bem avaliadas. Como a longevidade do brasileiro aumentando, Gisele diz que desde o primeiro salário o profissional deve planejar sua aposentadoria, investindo em previdência privada. "A previdência pública não atende à classe média justamente no momento em que as pessoas estão perdendo força de trabalho", diz.
Fonte: Valor Econômico - 29/07/2013